

O silêncio do solo, a voz do vinho
Em 1872, William Ponsot estabeleceu o Domaine Ponsot no município de Morey Saint-Denis, na Côte de Nuits. Ele adquiriu parcelas significativas nas vinhas de Clos de laRoche e Clos des Monts-Luisants, iniciando um legado vinícola que perdura até hoje. A segunda geração, composta pelos irmãos Hippolyte e Henri Ponsot, expandiu a propriedade e desempenhou papéis influentes na classificação dos vinhos borgonheses em 1935-1936. O domaine foi pioneiro na engarrafagem de seus vinhos.
Laurent Ponsot, que liderou o domaine até 2017, destacou-se na luta contra a falsificação, introduzindo inovações como rótulos sensíveis à temperatura e rolhas sintéticas Ardea Seal, além de etiquetas antifraude rastreáveis em todas as garrafas.
A filosofia do Domaine Ponsot é resistir às tendências efêmeras da indústria vinícola, valorizando a autenticidade e a preservação das características intrínsecas dos vinhos. Durante a vinificação, evitam intervenções excessivas, permitindo a singularidade de cada safra. A colheita é meticulosa, com seleção baseada na maturidade fenólica das uvas.
As instalações modernas do domaine, construídas em 2002, combinam eficiência e tradição, com tanques de carvalho abertos e cuidadosa gestão de temperatura. A maturação ocorre em barris de carvalho usados para evitar sabores indesejados. Trasfega e engarrafamento seguem condições astronômicas específicas, como lua minguante.
O Domaine Ponsot minimiza clarificação e filtração. Desde 2010, investiram em uma unidade de engarrafamento moderna, mantendo a busca por vinhos autênticos e resistentes às tendências passageiras.
Com mais de 90% das vinhas compostas por 10 Grands Crus, incluindo Corton-Charlemagne e Clos Saint Denis, além de dois Premiers Crus, o domaine destaca-se com o raríssimo Morey Saint-Denis Clos des Monts Luisants, produzindo um Premier Cru branco de Aligoté, único de origem medieval na região. Segundo a filosofia dos Ponsot, esses terroirs excepcionais demandam humildade para capturar a essência única de cada local, permitindo que a natureza lidere no processo de criação de vinhos.
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Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo
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Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.
A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.
Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.


OS VINHOS








