

Em 900 anos de história, os quase oito hectares murados só tiveram quatro proprietários
É de 1132 o mais antigo registro escrito da primeira ordem de freiras cistercienses, cuja morada foi a Abadia de Tart até a primeira metade do século XVII. Em 1141, já há registro de um vinhedo murado, o Clos de Tart. Desde então, as parcelas de videiras nunca foram divididas, tornando a propriedade o maior Grand Cru Monopole da Bourgogne, com 7,53 hectares.
O vinhedo deixou de pertencer às freiras durante a Revolução Francesa, e foi adquirido pela família Marey-Monge em 1791. Em 1855, Clos de Tart foi o único vinhedo de Morey-Saint-Denis classificado como “tête de cuvée” – título mais exclusivo que o de Grand Cru atualmente – por Jules Lavalle, crítico que catalogou os principais climats da Bourgogne em.
Em 1932, o negociante Henri Mommessin adquiriu o Clos de Tart e o domaine voltou a prosperar em 1996, sob a direção de Sylvain Pitiot, engenheiro topográfico de formação. O solo de base argilo-calcária coberto de seixos foi minuciosamente investigado, a fim de se extrair o potencial máximo do terroir único e indivisível da propriedade.
Em 2018, o Domaine foi adquirido pela família Pinault, donos do Domaine d’Eugénie, em Vosne-Romanée, e do emblemático Château Latour, de Bordeaux. Em 2019, os novos proprietários restauraram os edifícios do domaine, sem perder de vista a importância histórica e arquitetônica do patrimônio.
Clos de Tart introduziu práticas biodinâmicas desde 2016 e a idade média das vinhas é de 60 anos, com plantas centenárias. As uvas dos diferentes microclimas do vinhedo são classificadas uma a uma, mas parte da vinificação também é feita com cachos inteiros. Não se usa leveduras industriais e cada parcela é envelhecida separadamente por cerca de 18 meses. Além do Grand Cru Monopole, Clos de Tart elabora o Premier Cru La Farge de Tart (com vinhas de menos de 25 anos) e o Morey-Saint-Denis Village (vinhas de até 5 anos).76
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Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo
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Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.
A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.
Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.


OS VINHOS








