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França

Côte de Nuits

Em 900 anos de história, os quase oito hectares murados só tiveram quatro proprietários

Em 2013, a cidade de Dijon adquiriu uma propriedade agrícola de 160 hectares, chamada Domaine de la Cras, nos arredores da cidade. O antigo proprietário já havia construído uma adega e plantado 8 hectares de vinhas (5 hectares para tintos e 3 para brancos) em terras classificadas como Bourgogne AOC, com a possibilidade de plantar mais 13 hectares.

Para decidir quem ficaria encarregado da vinificação, a cidade organizou um concurso. Os principais critérios eram: as vinhas deveriam ser cultivadas de forma orgânica; oenólogo deveria ser um jovem produtor sem vinhedos familiares e o produtor deveria concordar em abrir a propriedade para visitas educativas ao público.

Em 2014, Marc Soyard foi o escolhido. A cidade de Dijon lhe concedeu a oportunidade de morar no Domaine, cuidar das vinhas, produzir e vender seus próprios vinhos. Em troca, Marc deveria pagar uma taxa de aluguel à cidade de 2.000 garrafas por ano. A cidade também escolheu outros jovens agricultores para gerenciar outros projetos nos 140 hectares restantes do Domaine de la Cras.

Marc Soyard é originário de uma família sem tradição no mundo do vinho, vindo da região do Jura. Antes de assumir o Domaine de la Cras, ele trabalhou por seis anos como gerente de vinhedos no Domaine Bizot, em Vosne-Romanée. Ele também passou um tempo na adega com Jean-Yves Bizot, aprimorando seu conhecimento sobre o processo de vinificação.

Com essa bagagem, Marc aplicou no Domaine de la Cras a mesma filosofia natural que aprendeu no Domaine Bizot. Todas as vinhas são cultivadas organicamente, com práticas biodinâmicas. Dependendo da safra, os vinhos tintos são feitos com cachos parciais ou 100% inteiros. Toda a vinificação é feita com leveduras naturais. O amadurecimento é uma combinação tradicional de barricas novas e usadas, com diversas experimentações.

Embora a denominação oficial do domaine seja Bourgogne AOC, o Domaine de la Crasé o único produtor autorizado a utilizar a designação Coteaux de Dijon. O Domaine de la Cras produz dois tintos e dois brancos. A cuvée “Coteaux” vem dos vinhedos de menor altitude, enquanto a cuvée “Cras” é originária dos vinhedos mais íngremes, com melhor exposição e maior elevação.

Além de seu trabalho no Domaine de la Cras, Marc Soyard possui pessoalmente duas pequenas parcelas de Pinot Noir mais ao sul na Côte d’Or: uma de Bourgogne Rouge perto de Ladoix, que ele chama de Hermaïon, e uma segunda parcela em Hautes Côte de Nuits.

Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo

Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.

A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.

Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.

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