

O silêncio do solo, a voz do vinho
Michel Niellon é um dos mais cobiçados produtores da região de Chassagne-Montrachet, na Bourgogne. A história do domaine começa com Michel Niellon, que passou a trabalhar com o pai na década de 1950, quando a família ainda tinha somente 4 hectares de vinhas no vilarejo de Chassagne-Montrachet. Hoje, são 7,5 hectares com parcelas em importantes Premier Crus. Já nos anos 1960, Michel construiu a fama do domaine, colocando seu nome entre os mais cobiçados da denominação, juntamente com Ramonet e outros cults.
Em 1991, Michel Coutoux – vindo de uma família produtora de vinhos no vale do Loire – casou-se com Françoise Niellon, filha de Michel, e passou a trabalhar com o sogro, assumindo a viticultura e vinificação. Pouco depois, Mathieu Bresson, filho da segunda filha de Michel Niellon, Chantal, também se juntou ao domaine, tornando-se a quarta geração na gestão da vinícola.
O Domaine Michel Niellon elabora atualmente cerca de 50 mil garrafas, que são disputadas assim que saem de suas caves. O trabalho no vinhedo é feito sem uso de herbicidas e com muita aragem, tanto para controlar ervas daninhas quanto para aprimorar a microbiologia do solo e a “abordagem racional” (lutte raisonnée) é usada no controle de pragas. A fermentação começa em tanques de aço inoxidável antes de o vinho (com borras) ser passado para barricas (20 a 30% de carvalho novo) para a fermentação malolática e envelhecimento. Não é feita bâtonnage. Um dos pontos centrais da personalidade dos vinhos do domaine está na colheita, que é precoce, uma vez que estão sempre entre os primeiros da denominação a começar a vindima, para manter a acidez e o frescor das uvas, criando, assim, vinhos de enorme precisão em cada um de seus lieut-dits.
“
Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo
”
Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.
A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.
Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.


OS VINHOS








