

O silêncio do solo, a voz do vinho
Apesar de ter crescido em Cognac, estudado enologia em Montagne-Saint-Émilion e atuado profissionalmente ao lado de renomados produtores como Elian da Ros e Domaine Leroy, Olivier Rivière deixou que seu espírito independente e desbravador o levasse à Espanha em 2004. Em solo espanhol, Olivier começou por converter as vinhas de uma propriedade riojana para as práticas biodinâmicas e este projeto o mostrou que era possível alçar um voo solo como produtor. Assim, os vinhos primogênitos que levam sua assinatura foram originados de uvas compradas de uma propriedade da localidade de Cárdenas e vinificadas por ele, ao mesmo tempo em que alugava uma área de 1,2 hectares que gerou sua primeira colheita em 2006.
Incentivado pelo sucesso de seu debut, Olivier passou a adquirir terras em que os fatores comuns eram as vinhas velhas, grandes altitudes e um excelente terroir, combinação que o permitiu dar vida a fantásticos rótulos. Atualmente, Olivier Rivière cultiva suas uvas em 3 hectares próprios em Rioja e outros três alugados, todos em altitudes entre 350m e 1.000m, sob práticas biodinâmicas e que geram vinhos com estilo muito próximo ao da Bourgogne e que são classificados como Village, Premier e Grand Cru, em detrimento do sistema espanhol que hierarquiza os vinhos com base no tempo de envelhecimento antes do lançamento (Crianza, Reserva e o Gran Reserva).
As uvas cultivadas são Tempranillo, Graciano, Mazuelo, Garnacha, Viura, Malvasia e Garnacha Blanca e as vinhas têm idade que variam entre 15 e 90 anos e passam por colheita manual, com prensagem de cachos inteiros ou parcialmente inteiros. Já a fermentação é realizada com leveduras indígenas e o envelhecimento se dá em tanques, foudres e demi-muid, que são barricas de madeira de 600 litros que permitem uma oxigenação gradual e a construção de sabores mais complexos. O processo de vinificação obedece a uma filosofia minimalista em que o uso de sulfitos e carvalho novo é reduzido ao máximo. Essa abordagem única e revolucionária cria vinhos que combinam sua identidade espanhola, usando variedades locais de diferentes terroirs, com frescor e complexidade, o que os diferencia de qualquer outro vinho espanhol.
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Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo
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Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.
A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.
Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.


OS VINHOS








