

O silêncio do solo, a voz do vinho
As origens deste fantástico produtor remontam a meados do século XVII (diz-se que a partir de 1648, Pierre Bachelet passou a cultivar vinhas em Chassagne-Montrachet). Mas a propriedade, situada em Saint-Aubin, ganhou notoriedade recentemente, pois, até pouco tempo atrás, o tímido Jean-Claude Bachelet – falecido em 2019 – não era muito afeito a enviar seus vinhos para a crítica. Foram seus filhos, Benoît e Jean-Baptiste, que ajudaram a colocar o domaine no circuito após começarem a gerir a propriedade no começo do novo milênio.
Eles possuem 10 hectares, quase a metade em Chassagne-Montrachet, 40% em Saint-Aubin e 13% em Puligny-Montrachet. Iniciaram a conversão para a produção biodinâmica em 2012 e, desde 2016, tudo é regido dessa forma. A vinificação é natural com leveduras indígenas e fermentações lentas. O envelhecimento de 18 meses em barricas de carvalho francês é efetuado sobre as borras finas. São dois invernos nas caves que ajudam os vinhos a expressarem o máximo de finesse, profundidade e estrutura, com uma capacidade de guarda impressionante. Apesar da pouca idade, os irmãos Bachelet já possuem grande reputação com os demais produtores devido à qualidade dos vinhos que vêm produzindo. A qualidade dos vinhos destes jovens produtores admirou até mesmo o famoso crítico de vinhos William Kelley, da Wine Advocate, quando disse “quanto mais bebo os vinhos dos irmãos Bachelet, mais os admiro”, durante um jantar em Puligny-Montrachet em 2020.
“
Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo
”
Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.
A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.
Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.


OS VINHOS








