

O silêncio do solo, a voz do vinho
A propriedade está na família há três gerações. Desde 1992, ela é administrada por Bernard Bouvier. Henri Bouvier, avô de Bernard, criou a propriedade em 1910 e o filho de Henri, René Bouvier, assumiu o controle em 1950, ampliando a propriedade para uma área de 12 hectares em 1991 e possui vinhas com uma média de 50 anos, algumas das parcelas de Gevrey-Chambertin têm vinhas com mais de 80 anos. Atualmente a propriedade possui 30 hectares de vinhas, majoritariamente localizadas em Marsannay e Gevrey-Chambertin e seus vinhos estão entre os melhores de toda Côte de Nuits, sendo Bernard Bouvier considerado um dos mais promissores viticultores da nova geração da região. Os grandes pilares da filosofia de Bouvier são o respeito pela vida microbiana, pela fauna auxiliar e a seleção massal, pois desta forma consegue obter videiras da mais alta qualidade.
Todas as etapas do processo de produção de vinho, desde a seleção das uvas até o vinho acabado, estão localizadas no mesmo lugar: a adega, as caves, a planta de engarrafamento, o armazenamento e os prédios de escritórios. Todo o local segue os princípios dinâmicos e tudo foi projetado com o maior respeito pelas uvas e pelo vinho.
Bernard Bouvier percebeu muito cedo o caráter individual do vinho de cada “lieux-dit”, independentemente da safra. O domaine busca, sempre que possível, produzir apenas um vinho por parcela, a fim de revelar da forma mais verdadeira possível a expressão do terroir. O próprio terroir, expresso pelas uvas Pinot Noir e Chardonnay, é a marca registrada da qualidade. A busca pela pureza da expressão, pelo equilíbrio do vinho e pela mineralidade, destacando a natureza única de cada “climat”, orienta cada ação na busca da perfeição, desde o vinhedo até a adega.
A pureza e o equilíbrio do vinho são alcançados com a colheita das uvas no estágio certo de maturação fisiológica e fenólica, nem tardiamente, nem muito cedo, dependendo do “climat”. A paciência e a observação cuidadosa levam a menos intervenção, permitindo que o terroir expresse sua individualidade sem forçar de forma não natural, o que colocaria em risco o equilíbrio do vinho. A colheita é feita manualmente, sempre passando por uma mesa de seleção.
Para os vinhos tintos, a opção é pela fermentação de cacho inteiro, dependendo da cuvée e da safra, com o objetivo trazer frescor, estrutura, tensão, complexidade e bela persistência aromática. As uvas são colocadas em tanques termorregulados por gravidade, para evitar o esmagamento. Procura-se captar o que a uva dá naturalmente, sem forçar o potencial do terroir. Seguindo a filosofia de respeito pela vinha, é feita muito pouca extração, trabalhando principalmente na maceração. O envelhecimento dura 12 meses e é feito em barricas de carvalho 15 a 30% novas dependendo da safra e do cuvée. Após o envelhecimento em barricas, os vinhos são transferidos para tanques de inox durante seis meses, para atingirem a maturidade ideal. Apenas os vinhos Premier Cru e Grand Cru são deixados para amadurecer em barricas por 18 meses, para permitir que seus taninos amadureçam.
Já os brancos são envelhecidos por 16 meses em barricas de carvalho francês de 600 litros. A decisão sobre quando engarrafar o vinho é feita para cada cuvée, após degustação, e segue o calendário lunar desde 1990. Os vinhos brancos passam por uma leve filtração para garantir pureza e sabor, enquanto os tintos não são filtrados geralmente.
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Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo
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Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.
A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.
Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.


OS VINHOS








