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Nativo de Bordeaux, mas inspirado pela gloriosa geração de produtores do Rhône, Éric Texier, um engenheiro nuclear de formação, decidiu fazer os seus próprios vinhos nessa região, mais precisamente nas pouco conhecidas terras de Brézème e St.-Julien, abarcadas pela denominação de origem genérica de Côtes du Rhône. Texier produz vinhos em quatro origens diferentes no Rhone, vinificando cada vinho em sua respectiva região.


O clima continental nos arredores de Valence, com quase zero influência do Mediterrâneo, é próximo do que se encontra em Beaujolais, onde Éric viveu por muitos anos. Brézème, por sua vez, tem um terroir misto, dividido pelo rio Drôme. Lá Texier cultiva em solo calcário (raro na região), que ele chama de verdadeiro Côte de Brézème. Nos seus 4,2 hectares, são produzidas aproximadamente 20 mil garrafas. Saint-Julien, apesar de localizada do outro lado do Rhône, e 200 metros mais alta, é uma região mais quente, e de solo granítico, mais parecido com os AOC vizinhos. Ele produz também, no sul do Rhône, dois Châteaneuf-du-Pape, branco e tinto, feitos exclusivamente de vinhas velhas.

Texier é o único produtor orgânico de sua região. O cultivo e o trabalho com as vinhas buscam seguir o método de vitivinicultura tradicional, anterior à industrialização das técnicas agrícolas. As técnicas que Eric utiliza para vinhos brancos incluem a triagem nas vinhas e na adega, prensar os cachos inteiros em uma prensa vertical, a não adição de leveduras, fermentação em barris, uso tanques de concreto e cerâmica, a não utilização de madeira nova, envelhecimento em borras finas, fermentação maloláctica para todos os vinhos, utilização mínima de SO2 e apenas no engarrafamento, além da filtração e clarificação apenas quando absolutamente necessária. Já para seus vinhos tintos, ele faz a mesma seleção na colheita, sem desengace na maioria das vezes, trazendo as uvas para a prensa por meio de esteiras transportadoras, maceração a frio sob uma manta de CO2 para extração aromática, utilização somente de leveduras naturais, muito pouca ou nenhuma extração durante a maceração e fermentação.


A cultura tradicional, para o produtor, permite que o vinho expresse esses terroirs especiais. “Estou no campo ‘Terroiriste’, estilo Jules Chauvet. Não gosto de vinhos modernos ou supernaturais que falam ‘dane-se a tradição’. Como Jules falava: ‘Cada vigneron deve aceitar seus vinhos como são na realidade, e não como ele quer que sejam’”, aponta Éric ao citar o lendário enólogo de Beaujolais, tido como pai do movimento de vinhos naturais.

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