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França

Côte de Nuits

O silêncio do solo, a voz do vinho

Amélie Berthaut desde cedo ajudava a família na colheita e, quando criança, fazia suas tarefas escolares escrevendo com giz nas barricas enquanto a mãe trabalhava até tarde na vinícola e aos 10 anos, já sabia reconhecer um vinho bouchonné. Não é de se estranhar, portanto, que ela tenha decidido estudar agronomia em Bordeaux. Após estágios em Bandol, Napa Valley e Nova Zelândia, em 2014 seu pai, Denis, decidiu que ela é quem deveria fazer os vinhos da propriedade da família.

O Domaine Berthaut-Gerbet, na verdade, é a junção do Domaine Berthaut, uma família de sétima geração em Fixin, com partes do Domaine François Gerbet, fundado pelo avô materno de Amélie, tão logo ele foi dispensado do exército após a II Guerra Mundial. Hoje são cerca de 18 hectares localizados em Gevrey-Chambertin, Chambolle-Musigny, Vougeot, Vosne-Romanée, mas com seu coração em Fixin, uma região subestimada. E uma das empreitadas de Amélie é mostrar que os vinhos locais podem reviver a glória de uma época, em meados do século XIX, quando eram comparados aos de Gevrey ou Chambolle, por exemplo.

Sua viticultura é focada no orgânico e a vinificação é extremamente lenta e delicada, com maloláticas tardias e pouca barrica nova (cerca de 25% dependendo do Cru). Seus vinhos são pensados para a guarda, mas extremamente acessíveis quando jovens. Em 2017, Nicolas Faure, marido de Amélie, ingressou na propriedade para cuidar das vinhas após ter trabalhado nos domaines Jean-Louis Chave, Romanée-Conti e Prieuré-Roch. “Fazer bem é melhor do que dizer”, diz o lema inscrito sobre a porta da adega em 1693, seguido por Amélie. Seus vinhos falam por ela.

Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo

Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.

A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.

Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.

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