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França

Bordeaux

O silêncio do solo, a voz do vinho

Para a Exposição Universal de Paris, em 1855, o imperador Napoleão III encomenda um sistema de classificação para os melhores vinhos de Bordeaux. Os vinhos de Sauternes e Barsac, doces e licorosos desde tempos imemoriais, foram os únicos brancos listados, e o Château Climens, em Barsac, recebeu o título de Premier Cru. No mesmo ano, Henri Gounouilhou comprou a propriedade, vendida somente em 1971 para Lucien Lurton. Desde 1992, o Château é dirigido por Bérénice Lurton, que recentemente introduziu princípios da biodinâmica ao cultivo.

Climens é hoje o único Premier Cru Classé de Bordeaux biodinâmico. Climens, em francês arcaico, significa “terra ingrata”. O solo avermelhado desse terroir extraordinário, constituído de seixos e de areias argilosas ricas em ferro apoiados em um fundo calcário cheio de fissuras e em declive, é impróprio para toda cultura, exceto à da vinha. Nos 31 hectares da propriedade, a variedade Sémillon é absoluta há séculos.

No vale do rio Ciron, os riachos de águas frias que terminam o seu curso no Garonne são essenciais para o desenvolvimento da podridão nobre. Os cursos d’água formam sobre as videiras uma névoa fina ideal para a proliferação da botrytis.

O Château produz hoje dois brancos doces: o Climens Premier Cru, feito com a primeira seleção de uvas; o Cyprès de Climens, também oriundo de uvas atacadas pelo fungo botrytis cinera, mas de uma segunda seleção, e que por vezes atinge resultados superiores aos dos primeiros vinhos de outros produtores.

Desde 2018, é também produzido um vinho branco seco, o Asphodèle Grand Vin Blanc Sec, de uvas colhidas antes da maturação ter chegado ao ápice, e sem presença de botrytis. O Asphodèle não tem passagem em carvalho, a fim de expressar o frescor e as sutilezas típicas desse terroir nada ingrato.

Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo

Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.

A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.

Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.

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