

O silêncio do solo, a voz do vinho
Um dos mais respeitados produtores de Gevrey-Chambertin. Pode-se dizer que a “ascensão” desse domaine foi meteórica. Em 1956, Charles Mortet adquiriu o primeiro hectare de vinhedo. Nos anos 1990, seu filho, Denis, decidiu comprar diversas parcelas nos principais municípios da Côte de Nuits, e passou a produzir excelentes Pinot Noirs, conquistando reputação como um dos grandes enólogos da Bourgogne.
O domaine, composto hoje por uma centena de parcelas, que se estendem de Daix(oeste de Dijon) ao município de Vougeot, passou a ser comandado pelo jovem Arnaud Mortet em 2006. “Farei vinhos como ele fazia, mas também confiando na minha imaginação”, disse ele à época, com 24 anos, referindo-se ao pai, e à cultura da vinha característica de Denis Mortet, cujos pilares eram (desde sempre) o respeito ao solo, às videiras e a preferência por processos artesanais. Uma das inovações de seu filho – que trabalha ao lado da mãe Laurence e da irmã Clémence – é a aragem menos frequente dos solos, a fim de manter nitrogênio nas raízes das videiras, e concentrar suco nas uvas. A cada ano mais afinado, Arnaud tem buscado aumentar o tempo de fermentação e, em 2012, produziu todos os seus rótulos com vinhas velhas.
Ao lado de sua mãe e de sua irmã, Arnaud adquiriu mais vinhedos na região, e expandiu o domaine de 12 para 16 hectares. Continuar a filosofia do pai, aprimorando os métodos de vinificação, mostrou-se uma decisão acertada: o legado de Denis Mortet, de produzir “vinhos clássicos com um frescor adicional”, está bem preservado.
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Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo
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Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.
A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.
Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.


OS VINHOS








