

Em 900 anos de história, os quase oito hectares murados só tiveram quatro proprietários
Em 2022, Charles Van Canneyt, já renomado viticultor na Bourgogne, adquiriu o Domaine des Chézeaux. Essa compra foi um marco, pois ele garantiu um espólio com participações majoritárias em Griotte-Chambertin, além de parcelas em GevreyCazetiers, Clos St-Denis e Chambertin. Anteriormente, a propriedade era pouco conhecida porque a maioria de seus vinhedos estava alugada para outros produtores.
Uma das primeiras e mais desafiadoras tarefas de Charles foi renegociar os contratos de aluguel. Graças ao seu carisma e habilidade nos negócios, ele conseguiu acordos amigáveis para recuperar o controle da maior parte das terras e começar a cultivá-las imediatamente.
A maioria das videiras do domaine tem mais de 40 anos, e a vinificação segue a mesma abordagem do Domaine Hudelot-Noëllat: 100% de desengace e extração suave. Os vinhos, que estão sendo produzidos em Vougeot enquanto a nova adega é construída, são envelhecidos em uma adega mais fria e úmida em Chézeaux. Essa condição única permite um desenvolvimento mais lento e uma maturação prolongada nas garrafas.
A safra de 2023 é a primeira a ser comercializada, com os vinhos Gevrey Clos desChézeaux, Cazetiers e Griotte liderando o lançamento. A safra de 2024, apesar de limitada, produziu mais Griotte que a anterior, refletindo a expansão das parcelas sob seu controle. O domaine possui cerca de 3 hectares de vinhas, com mais da metade classificadas como Grand Cru. As parcelas são: Gevrey-Chambertin Clos des Chézeaux: Monopólio de 0,5 ha, com videiras de 1929; Gevrey-Chambertin Premier Cru LesCazetiers: 0,216 há; Chambolle-Musigny Premier Cru Les Charmes: 0,6 há; Clos Saint-Denis Grand Cru: 0,3776 ha (atualmente em replantio, fora de produção até 2029); Chambertin Grand Cru: 0,143 ha e Griotte-Chambertin Grand Cru: 1,264 ha.
Este domaine é considerado uma das mais empolgantes aquisições recentes na Bourgogne, unindo vinhedos extraordinários a um viticultor extremamente talentoso.
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Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo
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Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.
A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.
Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.


OS VINHOS








