Virtuosismo e terroir na Bourgogne esquecida
O Domaine Dureuil-Janthial é um dos nomes mais brilhantes da Côte Chalonnaise. Sob o comando de Vincent Dureuil, a propriedade familiar localizada em Rully se consolidou como referência incontornável da região, elevando seus vinhos — brancos e tintos — ao patamar das denominações mais prestigiadas da Bourgogne. Seu talento artesanal, sensibilidade enológica e relação quase intuitiva com o terroir fizeram com que críticos e colecionadores passassem a enxergar Rully sob uma nova luz.
Vincent começou a vinificar ao lado do pai, Raymond, aos 20 anos. Já naquela época, ousava engarrafar vinhos sem clarificação nem filtração, desafiando as convenções familiares. Ao lado da esposa Céline, assumiu o domaine em 1994 e passou a aplicar uma abordagem mais orgânica e sensível às vinhas — com práticas agrícolas sustentáveis, uso de princípios da biodinâmica e forte ligação com os ciclos naturais. “É importante manter os equilíbrios naturais. É com isso que conseguimos fazer vinhos de terroir”, afirma o produtor, que conduz a viticultura segundo o calendário lunar e dá atenção meticulosa à poda, utilizando os métodos Guyot e Guyot-Poussard, que favorecem a longevidade da planta e o equilíbrio sanitário do vinhedo.
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A agricultura orgânica, os solos cultivados e a vinificação virtuosística combinam-se com um efeito impressionante, produzindo brancos cheios de textura, mas incisivos, e tintos perfumados e macios
William Kelley (Wine Advocate)
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Atualmente, o domaine cultiva rótulos distribuídos entre Rully, Mercurey, Puligny-Montrachet e Nuits-Saint-Georges. São 20 hectares na Côte Chalonnaise e outros 3 hectares na Côte de Beaune e Côte de Nuits. As uvas são colhidas manualmente, e a fermentação é espontânea, feita com leveduras indígenas. Os vinhos tintos fermentam em aço e envelhecem por 16 a 18 meses em barricas de carvalho francês, com até um terço de madeira nova, conforme o Cru. Já os brancos, igualmente precisos e minerais, passam por estágio em barricas com no máximo 25% de carvalho novo, o que garante complexidade sem sobrepor a identidade do terroir.
Os vinhos são engarrafados sem clarificação nem filtração, reforçando o compromisso de Vincent com a pureza e a integridade da expressão territorial. O resultado são vinhos de rara transparência, que combinam tensão, textura e precisão, colocando Dureuil-Janthial como a mais alta referência da denominação Rully — e, para muitos especialistas, da própria Côte Chalonnaise.
OS VINHOS









