

O silêncio do solo, a voz do vinho
A propriedade está localizada na vila de Oliveira do Conde, região vinícola certificada em 1908, mas que possui um retrospecto na vitivinicultura que remonta aos povos celtas que habitaram a região, assim como os romanos, que usavam o local para fins agrícolas.
Uma das missões do Domínio do Açor é valorizar a riquíssima região em que está inserido, produzindo vinhos em perfeita harmonia com a natureza. O terroir local é muito bem composto entre solo e pedra, mais precisamente entre o limo típico dos solos graníticos, com as rochas degradadas pelos processos químicos e físicos do intemperismo, além do quartzo e da rocha-mãe granito. Predomina em todo o vinhedo uma alterita de nível 5, fantástica para a produção de grandes vinhos. A composição do solo foi comparada em diversos aspectos com a Bourgogne pelo consultor chileno Pedro Parra, que trabalhou no Domínio do Açor fazendo um profundo estudo e mapeamento dos solos da propriedade. Pedro, que também presta serviços para renomados produtores como Domaine du Comte Liger-Belair, Domaine Roulot e Comando G, é um dos maiores especialistas do mundo no estudo de solos e terroir.
O Domínio do Açor tem em sua equipe de enologia profissionais que figuram entre os mais respeitados de Portugal. O enólogo-consultor é Luís Lopes, que estudou na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e aprofundou seus conhecimentos em biodinâmica e elaboração integrativa de vinhos na Bourgogne. O talentoso João Costa é o enólogo-residente. Já na função de “regisseur” está o premiadíssimo sommelier brasileiro Guilherme Corrêa, sendo responsável pela gestão e orientação de todas as questões da esfera de produção e comercialização.
Na propriedade há uma inabalável crença de que o vinho nasce na vinha e, por isso, o tratamento das terras recebe práticas biodinâmicas, com manejo biológico e trabalho de arejamento e nutrição do solo. Algumas das vinhas têm mais de 60 anos e a poda é do estilo Guyot-Poussard, que respeita o fluxo de seiva na planta e ajuda na prevenção de doenças, além de criar um sistema de ramos que permite uma melhor ventilação e uma exposição ao sol mais eficiente. No total, a propriedade possui 25 vinhas que se dividem entre as castas Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Pinheira, Encruzado, Tinta Roriz, Jaen, Cerceal e Bical.
“
Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo
”
Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.
A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.
Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.


OS VINHOS








