

A grandeza dos Pagos de Ribera del Duero
No coração do vale do Loire, onde o rio serpenteia entre colinas, vinhedos antigos e castelos de contos de fadas, não se cultivam apenas uvas, mas também histórias.
Uma das mais belas foi assinada por Honoré de Balzac, que, segundo a lenda, se hospedou em Vouvray enquanto escrevia uma de suas obras mais líricas e melancólicas, “Le Lys dans la Vallée”, publicada em 1835.
Um lugar assim não inspira apenas a literatura, mas também grandes vinhos. Embora Philippe Guyonnet não tenha nascido entre barricas, o vinho o encontrou de maneira inesperada e transformadora, como acontece com os bons romances. Primeiro, ele o apreciou, depois o estudou e, mais tarde, o cultivou em uma pequena parcela experimental em Mâconnais, na Bourgogne. Mas foi em Vouvray, seguindo o conselho de seu amigo Jacky Blot — uma lenda do Loire —, que ele encontrou seu lugar definitivo.
Ali, Philippe deu vida ao Domaine de la Pierre Gravée, uma propriedade de 8 hectares que pratica uma viticultura respeitosa, ecológica e artesanal. Ele trabalha sem herbicidas, com podas que seguem o fluxo de seiva, agrofloresta, rendimentos limitados e colheita manual em pequenas caixas. Tudo é cuidado nos mínimos detalhes, como se cada uva contasse sua própria história.
Entre todos os seus vinhos, o Inspirations Vouvray é talvez o mais pessoal e poético. Elaborado 100% com Chenin Blanc de vinhas de 50 anos cultivadas em solos argilosos, este vinho encarna paciência e sensibilidade. Cada parcela é vinificada separadamente em um processo meticuloso que respeita seu caráter único. Após uma prensagem lenta, os mostos fermentam sem aditivos, e o vinho é envelhecido por 18 meses em barricas da prestigiada Tonnellerie de Mercurey. O repouso sobre as borras finas permite que o vinho ganhe textura, profundidade e elegância sem perder o frescor.
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Artadi busca não fazer vinhos, mas traduzir a voz do solo
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Ao tratar a terra como um organismo vivo, Artadi adota uma agricultura ecológica, sem uso de substâncias químicas, guiada por um profundo respeito à biodiversidade. Cada vinha é cuidada como um indivíduo, e os processos de produção seguem uma lógica artesanal e atenta. A colheita é manual, realizada em pequenas caixas para preservar a integridade dos cachos. A fermentação ocorre com leveduras indígenas, respeitando o tempo natural de cada mosto, e o estágio se dá em barricas de diversos tamanhos, discretamente utilizadas, permitindo que o vinho evolua com elegância, sem maquiagem de carvalho.
A filosofia da vinícola está ancorada na ideia de que tradição e inovação não são opostas, mas companheiras. Com um olhar voltado para o futuro, mas os pés firmes na história, Artadi organiza sua produção de forma hierárquica, valorizando a origem específica de cada vinho — das expressões regionais às parcelas únicas.
Na Bodega Artadi, fazer vinho não é repetir fórmulas, mas escutar o solo, entender as estações e trabalhar com sensibilidade. É esse compromisso com o lugar — e com as pessoas que o interpretam — que transforma cada garrafa em uma tradução precisa da natureza e do tempo.


OS VINHOS








