Da terra do sol para tocar a alma.
Situada em uma localização única, dentro do Parque Natural da Serra da Arrábida, a Quinta do Paraíso é uma vinícola artesanal idealizada pelo empresário brasileiro Beto Sicupira. O objetivo principal era resgatar castas locais, algumas delas abandonadas nos últimos tempos e quase extintas — como é o caso da Bastardo.
O trabalho da Quinta do Paraíso vai além da proteção: consiste em interferir o mínimo possível no ambiente ao redor. O enólogo Pedro Marques, com longa experiência na vinícola Vale da Capucha e em seu projeto pessoal Las Vedras, traz sua filosofia de mínima intervenção para crias vinhos elegantes, intensos de aromas e com estrutura delicada.
Dos bosques de pinheiro-manso colhem-se pinhões e mel das flores locais. A horta oferece legumes e frutas com sabor autêntico e alto valor nutritivo. As uvas crescem em vinhas ainda em formação, e o trigo barbela — uma espécie ancestral esquecida na região devido à sua baixa produtividade — destaca-se no cenário, contrastando com o verde da serra. Graças às suas raízes profundas e à palha alta, esse trigo dispensa o uso de herbicidas.
Na propriedade, carneiros e cabritos são criados em liberdade, e aves fornecem ovos frescos. Em consonância com seus princípios, a Quinta do Paraíso não utiliza produtos químicos para melhorar sua produção e respeita completamente o ritmo e os ditames da natureza.
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Não é sobre acelerar o tempo, mas sobre dar tempo ao que importa.
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O NATURAL QUE SURPREENDE
Após cerca de cinco anos de espera, foram engarrafados os primeiros vinhos da Quinta do Paraíso: quatro tintos que refletem, cada um, uma vinha distinta da propriedade — o que se expressa nos nomes dos rótulos. Um design unificador e criativo ilustra a Serra da Arrábida, o sol, as uvas…
Ao decidir produzir vinhos e plantar uma vinha na propriedade, os proprietários equiparam uma pequena adega e encararam um processo de paciência: quatro anos até a primeira colheita, e seis anos até o primeiro vinho.
O resultado: vinhos que encantam e refletem seu terroir de origem.
A Vinificação na Quinta do Paraíso
A produção dos vinhos na Quinta do Paraíso começa com a vinificação em tanques de cimento, onde ocorre a fermentação alcoólica. Esse processo é do tipo semi-carbônico e dura de 10 a 15 dias, variando a cada safra. Após a fermentação, os vinhos são maturados em barricas de carvalho, vindas da Alemanha e da Áustria. A maturação acontece em tonéis novos com capacidades entre 1200 e 1500 litros.
Os Vinhedos e as Características dos Vinhos
A Quinta do Paraíso tem vinhedos com características únicas que influenciam diretamente o perfil dos vinhos. A Vinha do Doutor e a Vinha da Murteira, por exemplo, estão lado a lado, com apenas 10 metros de distância. No entanto, a orientação de cada uma em relação ao vento é diferente. A Vinha do Doutor é mais ensolarada e fica a favor do vento, o que resulta em um vinho mais leve, elegante e fino. Já a Vinha da Murteira está contra o vento, e essa diferença impacta a maturação das uvas.
Outros vinhedos, como a Vinha Esteves e a Vinha Velha do Esteves, estão mais próximos um do outro e sofrem a influência dos ventos marítimos, o que proporciona um clima levemente mais frio. A Vinha Velha do Esteves se destaca por seu solo mais rico em areia e por produzir vinhos com um toque mineral acentuado. O vinho dessa vinha, especificamente, passa por barricas de 600 litros, onde a presença da madeira é um pouco mais notável.
Produção, Filosofia e Futuro
Os vinhos produzidos na Quinta do Paraíso têm um estilo que lembra os vinhos das regiões de Beaujolais e Bourgogne, na França, quando se fala de estrutura. A elaboração dos vinhos é feita com leveduras indígenas, respeitando a expressão natural das uvas. A safra de 2021, por exemplo, resultou em 8.000 garrafas, com a meta de alcançar a produção de 25.000 garrafas anualmente no futuro.
O principal projeto da Quinta é a recuperação de vinhas muito antigas. Olhando para o futuro, já há planos para produzir um vinho de uma uva quase extinta, a Bastardinho.
OS VINHOS
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